domingo, 1 de janeiro de 2012

Fanfic capítulo 3

Capítulo III – Imortal

Sieghart estava envolto em uma infinita escuridão. Não mais sentia seu corpo, apenas reconhecia que estava de certa forma, ainda vivo. A escuridão ficou turva, e tornou-se uma sequência de imagens. Eram lembranças que passavam como flashbacks, de vários momentos de toda a sua vida vivida até então. Um sussurro pairava pelo espaço, embora não conseguisse discerni-lo. Lentamente, o sussurro foi ficando mais alto, até se tornar uma leve voz:

- Acorde Jovem Guerreiro, acorde...

A doce voz o deixava calmo, em estado de êxtase, hipnotizado pela sensação de paz e serenidade.

- Os deuses tem uma oferta a você, jovem herói.

Ao ouvir isto, Sieghart tentou responder, porém, foi em vão. De alguma forma, estava impossibilitado de falar, podia apenas ouvir a doce voz e observar com os olhos do além as memórias de sua vida surgindo em flashes diante de si.

- Eu sou Gaia, a Deusa da Vida. Os deuses o observaram durante toda sua vida, principalmente pela sua última ação, bravo herói. Você é o primeiro, em séculos de tormento que ousou e teve sucesso em acabar com o infortúnio pelo qual as raças deste mundo sofriam, por causa de Cazeaje. Por sua ousadia, e por você ser um guerreiro único e de bom coração, os deuses te concedem este presente: a imortalidade.

Sieghart se impressionou com a oferta. Para ele, a ideia de ser imortal o fascinava. “Poderia lutar sem medo da morte, fazer tudo o que me fosse possível fazer e observar as mudanças do mundo por séculos a fio. Eu poderia viver sem se preocupar com o amanhã, pois eu estaria neste amanhã para mudar o mundo!” - Pensava ele. De fato, lhe parecia divertido.

Percebendo que a deusa o esperava para refletir, mas ainda não lhe concedeu a sua capacidade de falar, apenas observou Gaia, envolto por sua serenidade, até que ela lhe disse:

- Se aceitar esta oferta, jovem guerreiro, esteja preparado para assumir este fardo: viva eternamente, vendo sua família, amigos e paixões serem levados pelo tempo, morrendo naturalmente enquanto você os observa em seu tormento contra a morte. Viva submisso à missão de proteger este mundo do caos, em nome dos deuses, por toda a eternidade. Derrote seus inimigos, trazendo a eles a morte, mas eles continuarão a te atormentar em sua mente, com as almas arrependidas de seus feitos passados, pela vida que deixaram para trás, e o ódio jogado contra você. Estas são as coisas que te acompanharão para sempre, além de outras mais. Darei-lhe tempo para pensar melhor, e se tiver algum questionamento, este é o momento para expô-lo, jovem guerreiro. – Ao finalizar estas palavras, Gaia estala os dedos, e Sieghart percebe que sua voz voltara.

-Eu... Aceito! E viverei para proteger este mundo pelos séculos que vierem. – Respondeu ele, vislumbrando em seus pensamentos o que não fizera em vida e o que poderia fazer agora.

- Está selado o acordo, jovem herói. Os deuses dão a você as suas mais sinceras saudações como o novo Imortal. Você será levado agora para Xênia, a terra sagrada dos deuses que é separada deste mundo. Lá, você será apresentado a cada um deles e iniciará o seu treinamento duradouro, no qual, de acordo com seu desempenho, irá se tornar mestre nas mais diversas instâncias de combate. Você também será requisitado pelos deuses, se necessário, para lutar em nosso nome aonde for. Isso é tudo. O levarei agora para que tenha a honra de conhecer a terra sagrada.

Gaia desaparece em meio a uma luz ofuscante, deixando o gladiador só, envolto pela escuridão. De súbito, a sua visão e sua mente começam a enevoar-se, e ele apaga deixando-se ser levado pelo poder arrebatador da deusa.
• • •


No castelo de Cazeaje, o corpo do gladiador jazia agora no mar de sangue que logo foi encontrado pelos sobreviventes do exército da Aliança. Os homens, ao verem seu bravo comandante morto e mais nenhum sinal da presença maligna da bruxa, entraram em uma alegria intensa, mas ao mesmo tempo, melancólica, entoando canções épicas sobre a liberdade alcançada e a bravura, coragem, e destreza deste herói que libertara seus povos do caos.

Após dias de viagem de volta para Canaban com o corpo de Sieghart, os sobreviventes do exército se depararam com uma nova Canaban. Libertas do poder opressor de Cazeaje, as pessoas do reino tinham a felicidade da qual não se via há séculos estampada em seus rostos. Até mesmo os animais das florestas e fazendas ostentavam estar mais cheios de vida do que antes!

Sieghart fora velado como uma lenda. Houve uma cerimônia especial em sua homenagem, com a participação do povo e a Casa Real de Canaban, com o Rei e a Rainha e um longo discurso sobre tudo o que ocorrera, contado pelos sobreviventes da batalha. As notícias dos atos finais do gladiador ecoaram por vários reinos no mundo. Sieghart tinha apenas dezesseis anos no dia de sua morte. E agora, esta idade se permaneceria para sempre com sua imortalidade.

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